Domingo, 27 de Maio de 2012

LEMBRAR: Vasco Gonçalves

Miguel Urbano Rodrigues


Vasco Gonçalves faleceu a 11 de Junho de 2005. A direita portuguesa – incluindo a direcção do Partido Socialista – esforçou-se nos cinco anos transcorridos desde o seu desaparecimento físico por lhe apagar o nome da História.
Vasco Gonçalves faleceu a 11 de Junho de 2005. A direita portuguesa – incluindo a direcção do Partido Socialista – esforçou-se nos cinco anos transcorridos desde o seu desaparecimento físico por lhe apagar o nome da História.

Porquê? Precisamente porque o general Vasco Gonçalves deixou marcas profundas na Revolução de Abril, sabotada e destruída pelas forças da reacção, com a cumplicidade activa do Partido Socialista.

Encastelada no poder, a burguesia não esqueceu que o general, na sua breve passagem pelo Governo, apenas 15 meses, contribuiu decisivamente para que o povo português construísse História profunda, realizando como sujeito conquistas revolucionárias que impuseram o País ao respeito da humanidade progressista. É portanto natural que o mesmo governo que decretou luto nacional pela morte de uma vidente de Fátima tenha ignorado a do soldado revolucionário.

Foi indecorosa a atitude de Sócrates e sua gente. Mas não atingiu o objectivo. Vasco Gonçalves não foi esquecido; permanece no coração do povo português.

 

O general e o MFA

No livro-entrevista «Vasco Gonçalves – um general na Revolução», Manuela Cruzeiro evoca o sentimento de felicidade do soldado de 52 anos quando ruiu o fascismo.

«Quando aderi ao Movimento dos oficiais – esclarece – acreditei que poderia vir a desempenhar um papel destacado».

O sentimento do colectivo, enraizado num patriotismo pouco comum, facilita a compreensão de comportamentos assumidos por este militar atípico ao longo do processo revolucionário, atitudes muitas vezes mal interpretadas, não obstante elas reflectirem uma coerência exemplar.

Não sendo comunista tinha adquirido um conhecimento dos clássicos do marxismo que lhe proporcionou uma compreensão científica da História que, na prática da vida militar, se traduzia numa consciência da necessidade de formar «homens responsáveis» e paralelamente num sentimento de solidariedade com o seu povo, vítima como os das colónias de um sistema monstruoso.

Admito que somente as próximas gerações terão condições, com o distanciamento temporal, de situar sem paixão na História o papel que o cidadão, o soldado, o intelectual e o estadista cumpriram na Revolução Portuguesa.

Vasco Gonçalves cedo aprendeu a avaliar o significado e as limitações da intervenção do indivíduo na História.

É transparente a sua amargura ao meditar sobre a mesquinhez, a mediocridade, a ambição, a deslealdade, o medo do povo que em instantes decisivos contribuíram para inflectir o rumo da Revolução.

Cedo tomou consciência de evidências que a milhões de portugueses passaram despercebidas. Um exemplo: «O MFA – sublinha na entrevista a Manuela Cruzeiro – não era um movimento revolucionário (...) não tinha ao princípio, no seu horizonte, uma revolução social».

Foi a irrupção torrencial das massas, tomando as ruas, na jornada do 25 de Abril, que abriu as portas à aliança Povo-MFA, imprimindo ao processo um rumo não previsto. E lembra que «no próprio dia 25 de Abril, o MFA ainda se dirigiu ao Tomás como Sua Excelência o Presidente da República e ao Marcelo como Sua Excelência o Presidente do Conselho».

É muito negativa a opinião que transmite de Mário Soares, como homem e político. Quase sem recorrer a adjectivos, esboça o perfil de um político ambicioso, sem princípios nem convicções.

Comentando o papel que o ex-presidente da República desempenhou como ministro dos Negócios Estrangeiros, Vasco Gonçalves conclui que ele «não deu uma imagem fiel do MFA (...) e, nas suas frequentes viagens ao estrangeiro, aproveitava para desenvolver acções coordenadas com a social-democracia internacional, as quais, quanto a mim – sublinha – nunca eram úteis, no mínimo à consolidação do processo revolucionário» (págs. 147 e 148).

Mas que se poderia esperar de um político que, recentemente, enalteceu a contribuição de Frank Carlucci – o ex director da CIA – para «a instauração da democracia em Portugal» (pág. 267).

A serenidade e eticismo de Vasco Gonçalves estão aliás omnipresentes nas atitudes que assumiu sempre no seu relacionamento com os seus camaradas do MFA no período revolucionário e posteriormente quando, transcorridos anos, foi chamado a pronunciar-se sobre acontecimentos cujo dramatismo reflectiu a ruptura da unidade do Movimento que tornara possível o 25 de Abril.
Citarei apenas um exemplo. Esse eticismo transparece de maneira límpida nas páginas dedicadas às movimentações de carácter conspirativo que desembocaram no Documento dos Nove. Não guardou rancores, mas nas opiniões que, já no século XXI, emitiu sobre Melo Antunes, o camarada do MFA que mais admirava, não transparece o mais leve vestígio de animosidade pessoal.

«O Melo Antunes, sublinha no seu depoimento, era sem dúvida entre os meus camaradas o militar com maiores conhecimentos políticos, mais leituras, mais reflexão».

Convidado a pronunciar-se sobre a actuação dele antes e após o 25 de Novembro, dá ênfase à coerência do líder dos Nove:
«Ele não mudou de ideias ou de posição, no fundamental, entre o 25 de Abril e o 25 de Novembro. Era um homem sinceramente de esquerda (à esquerda do PS), era um patriota, um anticolonialista convicto».

Mas visões diferentes da História teriam, inexoravelmente, de os distanciar.

«Melo Antunes – são palavras suas – pretendia caminhar como que por uma terceira via, mas a experiência tem demonstrado que essa via é o caminho da social-democracia para a direita».

Uma certeza me ficou de muitas horas de conversa com Vasco Gonçalves sobre a Revolução Portuguesa. Ninguém como ele conseguiu até hoje descer tão fundo na análise do comportamento e das motivações da parcela do corpo de oficiais do MFA, o movimento heterogéneo que concebeu e organizou o golpe militar do 25 de Abril, espoleta da Revolução Portuguesa.

 

O apaixonado pela História

Tive o privilégio de manter uma relação de sólida amizade com Vasco Gonçalves durante três décadas.

Não sendo comunista, não ocultava a sua adesão ao materialismo histórico. Recordo que um dia, na viragem do milénio, me chamou a atenção para trabalhos de Rosa Luxemburgo por os considerar úteis para a compreensão do oportunismo dos falsos renovadores do marxismo, herdeiros das bolorentas teses de Edward Bernstein e Kautsky.

Não se limitara a folhear «O Capital» como a maioria dos intelectuais de esquerda. Estudara a obra de Marx, de Engels, de Mao Tse, de Gramsci, lera marxistas latino-americanos como Mariategui, Caio Prado Júnior, Che Guevara.

Em Serpa, no I Encontro Civilização ou Barbárie, conheceu o húngaro Istvan Meszaros e o francês Georges Labica e recordo que a sua comunicação naquele evento mereceu palavras de grande apreço desses filósofos de prestígio mundial.

Militar, engenheiro, revolucionário, Vasco Gonçalves tinha paixão pela História que, tal como Lucien Febvre, considerava a mãe das ciências.

O interesse que manifestava em conhecer revolucionários e intelectuais que de algum modo tinham sido protagonistas de acontecimentos históricos inseria-se na sua perspectiva histórica.

Fidel Castro admirava-o e atribuiu-lhe a mais alta condecoração cubana, a Ordem de José Martí. Raul Castro foi seu amigo pessoal. Pedro Pires, companheiro de Amílcar e actual Presidente da República de Cabo Verde, convidou-o, quando primeiro-ministro, a pronunciar conferências na Cidade da Praia.

Recordo conversas de Vasco Gonçalves com o historiador britânico Basil Davidson, com o dirigente comunista boliviano Simon Reyes, e com Darcy Ribeiro, o fundador da Universidade de Brasília, quando os recebeu em sua casa.

No final do encontro com o primeiro, o general procurou na estante um livro do autor de Old Africa Rediscovered, pediu-lhe que o autografasse e na despedida fez uma confidência: «A sua visita é uma honra para mim. Não era fácil durante o fascismo obter os seus livros. Mas consegui e aprendi muito lendo o que escrevia sobre o colonialismo».

Simón Reyes, que na véspera o saudara num comício, na Voz do Operário, como «General del Pueblo», informou que um livro do general de crítica à Doutrina de Segurança Militar dos EUA aplicada nas Forças Armadas Portuguesas fora traduzido na Bolívia pelo Partido Comunista e circulara durante uma campanha eleitoral.

Quando Simón, então secretário-geral da Central Obrera Boliviana, expressou a sua satisfação por o ter conhecido, o general interrompeu-o:

«Não diga isso. O senhor é um herói da América Latina. Pode ser um civil, mas combateu de armas na mão à frente dos mineiros do seu país. Sinto-me pequeno junto de si...»

Henri Alleg e Vasco Gonçalves tinham um pelo outro um apreço que se transformou em amizade. Sempre que o autor de «A Questão» vinha a Portugal, o general reunia em sua casa um grupo de amigos, a maioria militares de Abril, e durante horas, no seu apartamento da Avenida dos EUA, a conversa tinha como tema o último livro do escritor.

 

O intelectual militante

Vasco Gonçalves tinha horror da pequena política. Mas ao deixar o Governo e passar à Reserva como militar, e depois à Reforma, não abandonou a política, tal como a concebia ao serviço da ideia da revolução social.

Grande tribuno, desenvolveu uma oratória inconfundível, um estilo de comunicação com a massa que empolgava os auditórios. Esclarecendo, emocionava e comovia pela autenticidade. Os portugueses progressistas sentiam que Vasco Gonçalves mantinha intacta a sua fidelidade aos princípios que defendera no Governo, ao projecto de sociedade inviabilizado pela contra-revolução.

Caluniado pelos partidos da burguesia e pelo imperialismo, o Companheiro Vasco – como lhe chamavam – foi até ao fim o revolucionário que contribuiu decisivamente para a criação do salário mínimo, para as nacionalizações, a criação de condições que permitiram conquistas como o 13.º e o 14.º salários, o defensor da Reforma Agrária, o soldado que soube responder com dignidade a todas as pressões e ameaças do imperialismo.

O lançamento, na sede da Associação 25 Abril, da Comissão Nacional de Solidariedade com o povo da Venezuela Bolivariana terá sido uma das suas últimas intervenções públicas. Foi então o orador principal e a sua comunicação a melhor e a mais aplaudida.

Antes do chamado Referendo Revogatório enviou a Hugo Chavez um DVD com uma mensagem de apoio – um pequeno filme que foi exibido em Caracas.

 

O patriota

A defesa da soberania nacional foi uma constante na política externa de Vasco Gonçalves quando primeiro-ministro.

É do domínio público a atitude digna que o general assumiu quando o presidente Gerald Ford, com arrogância, se lhe dirigiu em termos inaceitáveis, exibindo um anticomunismo primário. Anos depois foram divulgadas nos EUA declarações de Henry Kissinger, reproduzidas pelo Diário de Notícias, nas quais o ex-secretário de Estado reconhece a firmeza de carácter do então primeiro-ministro português, por ele definido como interlocutor muito difícil.

Aliás, já afastado do governo, Vasco Gonçalves demonstrou permanentemente o seu patriotismo. Em actos públicos realizados em Portugal e no estrangeiro e em ensaios e artigos que obtiveram ampla divulgação, combateu com firmeza o espírito de vassalagem do PS e do PSD nas relações com os EUA e com as estruturas de poder da União Europeia.

Mais de uma vez o ouvi comentar com indignação a tendência desses governos para minimizar o significado de datas ligadas a grandes acontecimentos da nossa História.

O feriado do 1.º de Dezembro, por exemplo, incomoda essa gente. Foi um exército improvisado, saído do povo, que durante 28 anos defendeu as fronteiras portuguesas das ofensivas da Espanha que era então, com a França, a primeira potência militar da Europa e expulsou do Brasil a Holanda, ao tempo a primeira potência naval e financeira do mundo.

Vasco Gonçalves tinha consciência de que o universal parte do particular, como dizia André Gide, e costuma recordar Fidel Castro. O general sabia que o internacionalismo não é incompatível com a defesa dos valores nacionais e que não ¬pode abdicar deles sem se desvirtuar. A preservação das culturas é inseparável do progresso da humanidade, não pode ser confundida com o nacionalismo obscurantista de raiz fascista.

Nestes dias em que intelectuais portugueses desfraldam mais uma vez a esfarrapada bandeira do iberismo e não hesitam em sugerir a transformação de Portugal numa espécie de região autónoma da Espanha, é oportuno recordar que Vasco Gonçalves identificou sempre na Revolução democrática e nacional de 1383-85 um acontecimento maravilhoso da nossa história.

Um dos mais belos trabalhos de Vasco Gonçalves é na minha opinião o ensaio que escreveu sobre Aljubarrota – estudo sobre a formação do exército popular que nos campos de Aljubarrota garantiu a continuidade de Portugal ao derrotar a cavalaria feudal espanhola e a grande nobreza de Portugal aliada a D. João de Castela (tal como o alto clero) garantindo a continuidade de Portugal – e foi publicado num Suplemento de o diário e posteriormente reproduzido pelo semanário Diário do Alentejo, e divulgado por revistas Web da América Latina.

Repito: é compreensível a hostilidade da burguesia portuguesa a Vasco Gonçalves.

Ele foi, com Álvaro Cunhal, um dos grandes portugueses do século XX. A sua intervenção na História ficou assinalada por mudanças revolucionárias que deixaram marcas indeléveis.

As forças do grande capital não podem perdoar-lhe a tenacidade com que – segundo as suas palavras – levou à prática ideias que tinha abraçado ao longo de toda a vida. Ideias que respondem a aspirações eternas do homem e que, por isso mesmo, não podem ser destruídas. Sufocadas pelos inimigos do progresso, elas voltarão a germinar.

 

Este texto foi publicado em Avante nº 1.907 de 17 de Junho de 2010.

Unidade POVO/MFA editou às 18:14
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Sábado, 26 de Março de 2011

2011 - 36 anos da criação do subsídio de desemprego

Faz hoje 36 anos que o IV governo provisório (26 de Março de 1975 - 8 de Agosto de 1975), chefiado por Vasco Gonçalves, criou em Portugal o subsídio de desemprego (o mesmo Vasco Gonçalves que, à frente de outros governos provisórios, criou também o salário mínimo, o subsídio de férias e o subsídio de natal).

 

Para a vida de muitos milhares de portugueses em situações sociais desesperantes, é ainda, face ao persistente desemprego, o único e magro provento com que contam, resultado dos seus descontos e não, como os propagandistas neoliberais querem fazer crer, benesses do estado ou destemperamento orçamental.

 

A medida da sua força, nos dias que correm, pode ser avaliada, simultaneamente, em dois tabuleiros: é encarado naturalmente, como o ar que se respira, como se não tivesse história, por grande parte da população; e é alvo dos maiores ataques (no limite: para o liquidar) por parte dos partidos da burguesia.

A sua implementação foi possível porque havia, obviamente, um governo provisório, na sua geometria variável, vinculado à luta dos trabalhadores, ao seu objectivo socialista, e com força política bastante para avançar com ousadia e firmeza.

 

Mas foi fundamentalmente porque o movimento de massas se desenvolvia e arrancava conquistas democráticas aos exploradores, nomeadamente com as nacionalizações dos sectores-chave da economia, que o governo provisório pôde actuar desse modo. Uma lição para o futuro.

 

Publicado por J. Vasco em 31/03/2010

Unidade POVO/MFA editou às 23:00
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Terça-feira, 29 de Dezembro de 2009

Lembrando tempos de Poder Popular

Tempos que já vão distantes...

 

Eram tempos de esperança, esperança do fim da exploração e do inicio de um Poder Popular que se esgotou com o fim do 5º governo provisório.

 

Uma esperança de melhores tempos mais favoráveis ao proletariado mas que as forças do monpólio esmagaram e destruiram...

 

HOJE VIVEMOS CADA VEZ MAIS ESMAGADOS POR UM CAPITALISMO QUE INVENTA CRISES QUE ACREDITO SEJAM FABRICADAS COM A FINALIDADE DE ESMAGAR PEQUENAS E MÉDIAS EMPRESAS E EXPLORAR OS TRABALHADORES COMO NUNCA, VIVEMOS TEMPOS EM QUE DIREITOS LABORAIS SEM PERDEM A UMA VELOCIDADE ASSUSTADORA.
 

Unidade POVO/MFA editou às 16:56
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Sábado, 5 de Abril de 2008

E Abril se foi...

25 de Abril:
Desenvolvimento social do país
aquém do preconizado pelo MFA

05 de Abril de 2008, 21:34

 
 

Peniche, Leiria, 05 ABR (Lusa)- Militares do Movimento das Forças Armadas (MFA) afirmaram hoje em Peniche, numa sessão no âmbito do 34º aniversário da Revolução dos Cravos, que está por cumprir o ideal de desenvolvimento social para o país defendido no 25 de Abril.

"Há ainda níveis de desigualdade social e pobreza que não estavam nos nossos objectivos para o futuro imediato de Portugal", disse à Lusa Otelo Saraiva de Carvalho, um dos Capitães de Abril, que tinham como ideais "democratizar, descolonizar e desenvolver" o país.

A posição foi também partilhada por Marques Júnior, outro dos Capitães de Abril e actual deputado do Partido Socialista na Assembleia da República.

"Trinta e quatro anos depois, ainda existem dois milhões de pessoas que vivem no limiar da pobreza, o que é uma profunda tristeza para um militar de Abril", reforçou.

Otelo Saraiva de Carvalho, responsável no MFA por ter desencadeado a operação militar que em 25 de Abril de 1974 derrubou o regime no país, frisou no entanto que "não se pode comparar o Portugal do passado ao Portugal do presente", depositando "esperança na juventude portuguesa" para dar continuidade aos ideais de Abril.

Além dos dois militares de Abril - Otelo Saraiva de Carvalho e Marques Júnior- participaram no colóquio "Da resistência à Ditadura, as conquistas de Abril", o fiscalista Saldanha Sanches (antigo preso pol��tico) e Kalidás Barreto (sindicalista e ex-dirigente da CGTP).

O colóquio foi promovido pela Juventude Socialista da Federação Distrital de Leiria para comemorar os 34 anos da Revolução de Abril, que se completam no próximo dia 25.

Na sessão, o secretário-geral da Juventude Socialista, Pedro Nuno Santos, defendeu que a juventude continua a pautar-se pelos ideais de Abril, alertando para o facto de que "o 25 de Abril não está ainda concluído", quando as "mulheres não atingem ainda a plena igualdade" com os homens no acesso à profissão, ou quando os homossexuais "não têm os mesmos direitos" que os heterossexuais na sociedade.

O dirigente alertou também para os níveis de pobreza e de desigualdade social que colocam Portugal "entre os últimos países da União Europeia".

FYC.

Lusa/Fim

 

Unidade POVO/MFA editou às 22:22
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Terça-feira, 31 de Julho de 2007

O valor da verdade

A Contra-revolução confessa-se
2005-04-18

Quando questionados acerca do valor da verdade, muitos serão, certamente, aqueles que dirão que o limiar entre a verdade e a mentira é ténue, curto, difícil de definir. Os donos desse tipo de resposta podem ser muita coisa, mas não são, ao certo, comunistas.

Este é o principal ensinamento que retiramos ao ler a obra "A verdade e a mentira na Revolução de Abril - A contra-revolução confessa-se", escrita aquando do 25º aniversário do 25 de Abril, pelo camarada Álvaro Cunhal.

Aqui evidenciam-se, de forma notável, os podres, as contradições e as mentiras que os mais amplos sectores da social-democracia portuguesa (e não só, dada a ingerência da CIA e outras forças internacionais) veicularam e veiculam sobre tudo o que envolve o processo revolucionário, desde o próprio fascismo até aos dias de hoje, passando pelos agitados dias do Processo Revolucionário Em Curso.

Porém, é simplesmente incrível como cruzando discursos, afirmações e factos se chega a conclusões que, infelizmente, de surpreendente têm pouco, dada a traição que a Revolução Portuguesa sofreu, acabando por gerar este sistema em que vivemos hoje, que de democrático tem apenas a alcunha, pois já pouco resta das enormes conquistas que a Revolução de Abril nos trouxe.

Com efeito, Cunhal presenteia-nos com um conjunto de citações de figuras da história, mas também da actualidade portuguesas, que deixam "cla-rinho como água" (para quem ainda tivesse dúvidas), o carácter viscoso, mentiroso, anti-democrá-tcio e anti-comunista de personalidades que insistem em auto-catalogar-se como "de esquerda" ou "democratas", como Francisco Sá Carneiro, Marcelo Rebelo de Sousa, Mário Soares, Diogo Freitas do Amaral ou Fernando Rosas (sim, esse mesmo, o do Bloco "de Esquerda"!), entre outros, cujo papel na destruição (na altura) e no branqueamento (agora) da Revolução, lhes valerá o eterno agradecimento de famílias (ou grupos empresariais - neste caso é difícil de distinguir) como os Mello's e os Champalimaud's.

Perante isto, é papel dos comunistas não deixar cair as assinaláveis mudanças que Abril permitiu, quer pelos extraordinários avanços sociais verificados nas mais diferentes áreas - direitos laborais, reforma agrária, saúde, educação, etc. -, quer pela forma como estes avanços se registaram: a luta. Na verdade, a noção que apenas a luta de massas, consequente e revolucionária, é o caminho para as vitórias populares, é uma lição que o 25 de Abril, experiência revolucionária única pelas suas particularidades, nos deve para sempre deixar. Com efeito, apenas a luta permitiu, não só os avanços acima descritos, como a resistência à feroz investida que o Capital estrangeiro e nacional fizeram à revolução portuguesa, realizando golpes (como o 28 de Setembro ou o 25 de Novembro), perseguindo os comunistas e os progressistas, e até criando e promovendo fenómenos de distracção e distanciamento do essencial como eram os grupelhos esquerdistas ou, noutro plano, o PS e o PSD.

Assim, podemos com firmeza afirmar que de 74 aos nossos dias a estratégia do Capital não se alterou muito, apenas se adaptou criativamente aos dias que vivemos e às batalhas que foi ganhando e perdendo, senão vejamos: em 74, os esquerdistas apelidavam o PCP de revisionista, recuado, cúmplice do Capital; hoje continuam a fazê-lo sem grandes alterações... Em 74, o PS escrevia no seu programa palavras como "nacionalizações", "reforma agrária" e outras coisas por que os comunistas sempre lutaram e pugnaram, sendo que quando se apanhou no poder não fez nada para isso (aliás, bem pelo contrário), acusando o PCP de tentar impor outras formas de ditadura; hoje afirma-se "de esquerda" e governa claramente com medidas de direita, apelidando os comunistas de "idealistas", "utópicos", etc.; quanto ao PSD, também só no vocabulário houve alterações, pois continua a afirmar fazer o melhor para os trabalhadores e as populações, acabando sempre por os prejudicar, em detrimento dos grandes grupos económicos.

Com certeza e convicção podemos afirmar que estas preocupações de tipo social só eram escritas e anunciadas como forma de distracção das massas, pois como em "A verdade e a mentira na Revolução de Abril" se desmascara, é o próprio Mário Soares quem desvaloriza o conteúdo programático do seu próprio partido (!). É caso para perguntar se o subtítulo "A contra-revolução confessa-se" poderia fazer mais sentido Em suma, nesta brilhante obra, de que esta curta análise não pretende, nem poderia nunca ser um resumo, Cunhal demonstra de forma científica o cunho de classe que o relato da História assume cada vez que é narrada e construída, mediante quem a escreve e organiza. Tanto assim é que, no que ao 25 de Abril se refere, as forças defensoras do capitalismo se viram forçadas, não apenas a sobrevalorizar factos e personalidades de forma romanceada (como habitualmente fazem), como necessitaram de branquear, apagar e distorcer factos para criar uma versão "aceitável" da nossa Revolução para vender às gerações futuras.

Mas, como tudo o que é produzido pelo capital, também esta versão tem contradições, quer na estrutura, quer na forma, acabando por cair como um baralho de cartas quando confrontada com factos e depoimentos dos próprios produtores dessa versão.

Como diz o nosso sábio povo: "a verdade vem sempre ao de cima"... é uma chatice para alguns, mas é mesmo assim...

 

Texto originalmente publicado no Agit, n.º 69 de Abril de 2005

Tiago Vieira
Membro da Direcção Nacional da JCP

 

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extraído do site da: Juventude Comunista Portuguesa

 

Unidade POVO/MFA editou às 19:24
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Sexta-feira, 1 de Junho de 2007

Lembrando "Abril e Zeca Afonso" na Galiza

Unidade POVO/MFA editou às 16:59
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Quarta-feira, 30 de Maio de 2007

Hoje estamos em greve

Aqui estamos de greve...
 

Unidade POVO/MFA editou às 16:19
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Domingo, 27 de Maio de 2007

21 de Julho de 2003

General Vasco Gonçalves condecorado
 com a Ordem "Playa Girón"

O Embaixador de Cuba em Portugal, Reinaldo Calviac, condecorou ontem o General Vasco Gonçalves com a Ordem "Playa Girón", uma das mais altas distinções da República de Cuba. A cerimónia decorreu dia 9 de Julho, nas instalações da Embaixada, com a presença de numerosos amigos e admiradores do líder mais consequente da Revolução Portuguesa de Abril de 1974.
A decisão de agraciar o Gen. Vasco Gonçalves com a Ordem "Playa Girón" fora tomada pelo Conselho de Estado da República de Cuba.
Segue-se o texto do discurso pronunciado na ocasião pelo Gen. Vasco Gonçalves:


Senhor Embaixador da República de Cuba
Minhas senhoras e meus senhores
Meus amigos

Em Maio de 2001, estando presente nesta Embaixada o Presidente da República de Cuba Fidel Castro, senti-me sobremaneira honrado ao saber, pela leitura feita pelo Senhor Embaixador, de uma carta do Ministro das Forças Armadas Revolucionárias, General de Exército Raul Castro, que o “Conselho de Estado da República de Cuba, por proposta do seu Presidente decidira conceder-me em comemoração pelos meus 80 anos, uma das mais altas condecorações que outorga o Estado Cubano, a Ordem da Playa Girón, a qual se entrega (são os termos da comunicação) a cidadãos cubanos e estrangeiros, e a Chefes de Estado e de Governo, que se destaquem extraordinariamente na luta contra o imperialismo e as forças da reacção e por grandes actos a favor da paz e do progresso da humanidade.”

Cito estes termos e, do mesmo passo, desejo dizer-vos que esta condecoração sobreleva os méritos que, porventura, terei tido no decorrer do processo revolucionário que se desenvolveu, no nosso país, logo a partir do dia 25 de Abril de 1974, após o derrubamento do governo facista-colonialista, que oprimiu o povo português e os povos das colónias, ao longo de quase meio século.

É meu dever indeclinável associar, estreitamente, a esta elevada distinção a aliança Povo-MFA, que foi motor das conquistas de Abril.

Razões de ordem pessoal, nomeadamente, diversas situações do meu estado de saúde, hoje, felizmente, ultrapassadas, impediram, como era meu desejo, que me deslocasse a Havana, a fim de que a cerimónia de imposição fosse realizada em ocasião propícia.

Esta ocasião veio a ser hoje, em Lisboa, na presença do Embaixador Reynaldo Calviac, representando o Presidente da República de Cuba, e na vossa presença.

O significado da Playa Girón é grande. São palavras do próprio Chefe da Revolução Cubana: “... a partir daquela data o destino dos povos deste continente, na liberdade e na dignidade que conquistava um deles, frente à agressão do poderoso império que os avassalava a todos, seria diferente. Porque, diga-se o que se diga, a partir de Girón, todos os povos da América foram um pouco mais livres.”

Esta cerimónia realiza-se num momento em que a situação que vive Cuba é de tal modo grave que, Fidel Castro declarou no passado dia 1º de Maio, na Praça da Revolução:
“Em nome do milhão de pessoas aqui reunidas neste Primeiro de Maio desejo enviar uma mensagem ao mundo e ao povo norte-americano. Não desejamos que o sangue de cubanos e norte-americanos seja derramado numa guerra; não desejamos que um incalculável número de vidas de pessoas que podem ser amistosas se perca numa contenda. Mas nunca um povo teve coisas tão sagradas a defender, nem convicções tão profundas pelas quais lutar, a ponto de preferir desaparecer da face da terra, antes de renunciar à obra nobre e generosa pela qual muitas gerações de cubanos pagaram o elevado custo de muitas vidas dos seus melhores filhos. Acompanha-nos a convicção mais profunda de que as ideias podem mais que as armas, por sofisticadas e poderosas que estas sejam.
Digamos como o Che ao despedir-se de nós: ATÉ À VITÓRIA SEMPRE!

” Neste momento, de tão pesadas e concretas ameaças para a independência e a autodeterminação de Cuba desejo afirmar, a minha profunda e bem sentida solidariedade com a Revolução Cubana.

Cuba, bloqueada, demonstra, a todo o mundo, que é possível resistir ao imperialismo, ao império norte-americano.
Mas esta resistência não é um acaso da história.
Ela é fruto de 44 anos de luta heróica, pela independência nacional e pela autodeterminação, pela realização de objectivos patrióticos e libertadores, luta inspirada, dia a dia, pelos elevados exemplos de patriotas, como Céspedes, Maceo, Martí, o pai da Revolução.

Ela é fruto da determinação e do empenhamento exemplares do povo e da direcção política e ideológica da Revolução, na construção de uma sociedade de equidade e de justiça social, tendo, como horizonte, o socialismo.

Ela é fruto da própria ética da Revolução desde o seu primeiro dia. Dirigindo-se aos amigos de Cuba, no passado dia 25 de Abril, o Presidente Fidel Castro afirmou, com veemência:
“Continuaremos a ser íntegros e consequentes, como temos sido desde 1959 até hoje. Jamais terão motivos para envergonhar-se do seu nobre apoio.”

Cuba, sofrendo um criminoso e cruel bloqueio, que prentendia reduzí-la à rendição, pela fome, pela miséria, pela falta de medicamentos, viu-se forçada, para, defender a Revolução e o futuro, a adoptar medidas que não estavam no seu horizonte revolucionário e que o contrariam.

Mas, Cuba, fiel aos princípios fundadores da Revolução resiste. E pelo seu extraordinário exemplo de resistência, temos o dever de afirmar a nossa gratidão. Cuba é credora da gratidão e da solidariedade de todas as forças progressistas do mundo.

Senhor Embaixador:
Solicito-lhe que transmita ao Presidente da República de Cuba, Fidel Castro, ao Ministro das FAR, Raul Castro, aos membros do Conselho de Estado e ao Povo Cubano a expressão da grande honra que sinto do mais fundo do meu coração, e a minha gratidão por tão elevada distinção.

Vasco Gonçalves

Este artigo encontra-se em http://resistir.info/ .

21/Jul/03

Unidade POVO/MFA editou às 18:35
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Segunda-feira, 21 de Maio de 2007

Grândola Vila Morena

Unidade POVO/MFA editou às 17:34
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Quinta-feira, 17 de Maio de 2007

Relembrando...

Uma praça de gente madura

Encabeçou quatro Governos Provisórios na época do Processo Revolucionário em Curso (PREC). Vasco Gonçalves, um militar de carreira ligado à Revolução dos Cravos esteve na Covilhã.

Abril 2004

Agarrou nos destinos do País logo após o derrube do regime. Vasco Gonçalves, militar de carreira que chega a general através do Movimento das Forças Armadas (MFA) e de todo o papel desempenhado no derrube do fascismo, explica os tempos conturbados do PREC. O anfiteatro da Parada, local onde em tempos estiveram também as vozes e os comandos militares da Covilhã, enche-se agora para ouvir o chefe dos II, III, IV e V Governos Provisórios. A esta personagem se devem canções como "Força, força companheiro Vasco", mas também "reformas essenciais que prepararam Portugal para a adesão à Comunidade Europeia". A convite do Partido Comunista, o general Vasco trouxe à Covilhã um resumo alargado das medidas que julgou "melhores para uma nação à beira da guerra civil". Palavras conturbadas por uma voz cansada, a mesma que contribuiu para "a viragem à esquerda de toda uma pátria". Logo na criação do MFA, Vasco Gonçalves lembra que "existiam cores políticas de todos os quadrantes". No entanto, considera natural que após a libertação de um regime de "extrema-direita" e com o aparecimento do PCP e PS, "o País estivesse mais simpatizante com políticas dessa área".

Aliança Povo/MFA foi motor da revolução

"A terra para quem a trabalha", um slogan repetido vezes sem conta pelo Portugal de Abril. Uma das mais importantes, mas "também das mais polémicas" medidas tomadas pelo executivo de Vasco Gonçalves, prende-se com a Reforma Agrária. A constituição de cooperativas e a distribuição de terras "foi uma medida difícil". No entanto, o general não sente que "tivesse agido de forma incorrecta". Antes pelo contrário, "era necessário tirar da fome e da miséria um povo oprimido". O fosso entre ricos e pobres, naquele tempo "era imenso". Talvez venha daí a explicação para a "adesão expontânea" dos populares ao movimento revolucionário. O motor da revolução "foi o povo e a sua ligação às forças armadas".

Políticas desajustadas

Mesmo fora da vida política activa, o criador do "Gonçalvismo" tece várias críticas ao actual Governo. Para Vasco Gonçalves, "um homem que será sempre contra a liberalização dos mercados", as actuais políticas de contenção "vêm hipotecar o futuro do País". Para o antigo primeiro-ministro, deveria de existir "uma maior justiça social", em todos os campos. Outra das medidas que julga "contrárias ao espírito português" tem a ver com a ajuda de Portugal aos Estados Unidos na invasão do Iraque. Vasco Gonçalves mostra-se contra "ideias terroristas para combater o terrorismo". O apelo "para mudar toda esta situação", fica na arma do povo, "aquela que Abril veio implementar e que é a mais importante de todas: o voto".

Por Eduardo Alves
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Unidade POVO/MFA editou às 19:16
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